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Sobre a falta de dúvidas

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Identifico um certo estereótipo na abertura e disponibilidade para a colocação e apresentação de dúvidas, aos grupos dos pais e dos professores.
Ambos procuram alcançar uma tranquilizante convicção, regra geral, de que seus interlocutores preferenciais, filhos e alunos, se sentem libertos de entraves para avançar com quaisquer questões que surjam.
A minha opinião é de que os únicos convencidos, a existirem, são exactamente os pais e os professores. Não é objectivamente tão fácil identificar os motivos pelos quais filhos e alunos não conseguem deixar de estar constrangidos perante a decisão de esclarecer o que possa estar a palpitar em suas mentes; como será diagnosticar esse constrangimento.
Por condição, sou filho e aluno, mas por opção sou observador, e o que tenho visto é que a abertura para falar não se impõe como uma crua e translúcida realidade.
Se para os filhos e pais, se poderá falar em temas tabu, a realidade estudantil mostra atritos ao nível do que se poderá chamar temas tabu.
Vejo sobretudo medo como motor do tabu. Medo de exteriorizar o produto de um pensamento obstruído por uma qualquer dúvida. Medo de mostrar que não se chegou lá sozinho. Medo de se mostrar o quão bizarra (criativa) pode ser a mente quando é obrigada a procurar uma solução. Medo de pensar no que os outros não pensam. Medo de ser diferente. Medo de mostrar fraquezas, numa sociedade tão sequiosa da perfeição e requinte.
Reconheço que apenas constatei a existência desta realidade, não propondo nada em troca, mas vi-me motivado para denunciar este engano. Se as perguntas não surgem, o mais certo é estarem a ser reprimidas ou adiadas para o círculo de pares. Pensar igual não implica que se sigam os mesmos caminhos, nem a mesma profundidade, logo há que acordar dessa utopia tutorial que é acreditar na falta de dúvidas, aquando do silêncio. 

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