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Sobre o porquê de se amarem personagens

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Objectos amigos do nosso imaginário, os personagens amontoam-se algures dentro de nós, como soma das muitas histórias e enredos a que dizem respeito.
Amamos as personagens pelo poder de as moldar em nós de acordo com aquilo que esperamos delas, à imagem dos valores que julgamos recomendáveis, por toda uma aura de positividade e atracção fruto do impacto do nosso contacto com elas e sede criativa do nosso intelecto.
Alertei alguns amigos e amigas há pouco tempo para os perigos de se amarem personagens, situação que conduziu a uma saudável brincadeira, consentida por mim, mas que não deve sobrepor-se à matéria que lhe deu origem.
As personagens são fantasia, uma fantasia que poderemos apreciar, mas que não temos como amar. Os efeitos artísticos de quem as cria e molda nos livros, televisões ou fotografias, serão certamente tanto mais extraordinários quanto conseguirem que o consumidor das mesmas as sinta reais, ao ponto de julgar contactar com elas enquanto lida com a obra em que se inserem.
O nocivo de se amarem personagens, reside no vício e exagero de as querer consumir. São sabidos os excessos de muita gente em prol de personagens com as quais se identificam, num plano doentiamente emocional.
O vício e exagero promovem a alienação das pessoas, face a esses elementos ilusórios alvo do seu fascínio. O personagem não é o actor, nem o actor o personagem. O mesmo se aplica ao escritor, ao cantor, ao pintor, etc.
Saibamos apreciar e regozijarmo-nos com os personagens, que nos criam um particular prazer, uma utopia existencial até, mas no fim dessa viagem, para bem da consistência, saúde psíquica ou estabilidade emocional, encerremos o périplo fantasista e acordemos para o mundo da nossa vizinhança, repleto de pessoas, também personagens de nossas vidas, esses sim dignos depositários da nossa consideração e energia. 

1 comentário:

  1. Tendo por fundo o que escreveu, se conclui que o escritor tem muita responsabilidade no que escreve, porque poderá influenciar positivamente, ou negativamente, consoante a mensagem que a sua escrita encerra, mensagem essa em grande parte transmitida pelas personagens, que pela causa do autor lutam.
    Relativamente ao significado que as personagens têm para o autor que as cria, considero que são valiosas demais para as não incluirmos na nossa vida, a nossa vida real. Eu, revejo-me em muitos pedaços, de muitas das minhas personagens. E se não me revejo, amo-as, mesmo as más. Porventura, o mal é o sal do bem, porque se não existisse o mal, o bem não fazia sentido.
    É claro que temos de estar atentos ao mundo que nos rodeia, àquele que nos passa à porta. É nele que muitas vezes bebemos inspiração. Mas as minhas personagens, nunca, nunca mesmo, as relegarei para segundo plano na minha vida. Confiaram tanto em mim a sua criação, que iriam ficar ofendidas.

    Cumprimentos meu amigo

    Fareleira Gomes

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