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Sobre a confirmação das fontes de informação

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A confirmação das fontes de informação é algo maçador e de certa forma, até, contranatura. As pessoas, que se regem cada vez mais pela lei do mínimo esforço, são tentadas a aceitar como verdade aquilo que ouvem, a menos que não lhes convenha de todo. Ouvem o que no telejornal se diz, lêem o que no jornal se escreve, escutam o que no local de trabalho se comenta e muito provavelmente assumirão como verdadeiro, por nada em contrário lhes ocorrer.

Na maior partes dos casos, as informações não nos dizem respeito directamente, pelo que não somos minuciosos na sua filtração, não confrontamos diferentes versões procurando desvendar as incongruências.

Algumas pessoas têm aversão à Wikipédia, por facultar informação questionável do ponto de vista de fiabilidade. Concordo com elas. No entanto, cada um de nós é alvo de informação questionável à sua maneira, talvez essas mesmas pessoas leiam um jornal e acreditem piamente no que lá se relata, não indo confirmar as informações ao jornal concorrente, ou tenham um amigo que enviesa completamente os factos futebolísticos, criando intriga.

Entendo, porém, que a internet seja uma ferramenta instigadora da inconfirmação das fontes, pela facilidade com que se chega às informações. Facilmente se confunde qualidade de pesquisa com pesquisa de qualidade.

Quando ocorre um evento súbito, ao ponto de não ser possível qualquer tratamento jornalístico atempado, geralmente são fornecidos recortes do evento a que commumente se chama “imagens não editadas”. A priori, este é o melhor material jornalístico que se pode consumir, na medida em que o telespectador não depende tanto de intermediários para chegar à informação e pode ajuizar o caso alvo de noticiamento. Como tal material é raro, na totalidade das notícias aquilo que se faz é concluir, inferir, ajuizar aquilo que o jornalista transmite, não a informação crua (não editada).

O mesmo se aplica ao quotidiano e à Wikipédia. A existência de intermediários que mexem, editam, adulteram, contaminam os factos, leva a que o consumidor da informação se iluda e pense que está a contactar com a matéria factual, quando na verdade está a lidar com o produto da organização, hierarquização, filtração e narrativação de outrem.

2 comentários:

  1. Em suma, constantemente somos manipulados. E é uma real verdade. É-nos induzida determinada informação, ou melhor dizendo, a informação é-nos transmitida de forma a que as deduções que dessa informação tirarmos vão em consonância com determinados interesses. No momento, não sei a quem interessará incutir no espirito dos portugueses que sobre nós se abate uma desgraça económica. è minha convicção de que o governo tudo fez para criar em nós confiança, mas a oposição considera que termos por rampa de lançamento o negativismo é mais correcto. E no seguimento do seu post, temos sido sistematicamente bombardeados com a palavra «crise» e com a «pintura» constante de quadros negros. Sente-se que em Portugal impera a apreensão. A quem tal estado de espirito seja conveniente...parabéns!

    Uma palavra de apreço pelo novo visual do seu blogue. Está magnífico, com sabor a antigo.

    Cumprimentos.

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  2. Caro poeta,

    Muitas vezes o que está em causa não são mentiras descaradas, mas meias verdades, extrapolações indevidas, suposições maliciosas, pequenas alterações ao material factual que o desconfiguram.

    O jornalistas têm um poder terrível. A maneira como uma pergunta é feita diz muito sobre o que vai na cabeça de quem pergunta. Os assuntos que decidem investigar, as capas que escolhem para os jornais, enfim, toda a sua actividade está envolta de um terrível poder.

    Fico contente por apreciar o novo rosto do blogue. Julgo ser um passo no sentido de uma ainda maior diferenciação.

    Marcelo Melo

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