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Sobre a difusão de informação não confirmada

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A enfermeira, senhora sénior, informou a determinada altura que nunca se podem comparar pesos de bebés, cuja medição foi executada em balanças diferentes. Para a sua profissão e atendendo à clareza com que deve explicar as coisas aos pacientes, aceita-se que fale assim.

Estarei portanto a especular, intencionalmente, se afirmar que aquela senhora não sabia a causa científica que justifica aquela frase. Ela é simples, deve-se a considerações sobre a gravidade e a altura relativa entre as duas balanças. Se o soubesse, maiores teriam sido as probabilidades de perguntar à mãe da bebé, tal como fiz, sobre a localização dessa outra balança onde havia sido pesada a bebé. Pois bem, ficava num 9º andar contra o 1º andar do posto de saúde, o que condizia com a explicação.

Dei comigo a pensar em como muitas profissões são compostas por estas frases feitas, este conhecimento empírico que resulta da passagem de conhecimento das pessoas mais experientes para as mais joviais, sem que em momento algum haja algum tipo de confirmação dos dados.

A única forma daquela infermeira confirmar a frase e saber se dizia algum disparate ou não, seria pelo conhecimento de ciência básica, noções simples de gravidade. Já anteriormente chamei a atenção para o assunto da erudição e cultura geral. Saber algo sobre a gravidade equivale a ter noção do que são os Maias, no mundo literário.

Quando sabemos explicar as coisas, o ego leva a que o façamos mesmo que não nos seja solicitado. Esta perspectiva dá ainda mais força à ideia de que a senhora enfermeira desconhecia o mecanismo natural por detrás da informação fornecida.

Na linha do livro que venho lendo (O Cisne Negro) no qual se chama a atenção para que há profissões em que especialistas não sabem mais do que o cidadão comum, não pude conter um paralelismo com a situação em causa. A enfermagem não será o melhor exemplo disso, mas é a acumulação de informações não processadas mas repetidas e difundidas que faz com que se possa relativizar a existência de especialistas em algumas área.

Tagarelar assim informações é um risco e uma evidente falta de curiosidade intelectual.

2 comentários:

  1. Penso que o problema nao está na confirmação ou não de um dado conhecimento empirico, penso que é mais lamentável que hoje em dia, se pergunte cada vez menos a pergunta mais simples e ao mesmo tempo mais complexa "Porquê?" .

    Foi graças a esse espirito curioso que o ser humano tem desenvolvido tanto a ciência e o conhecimento que temos hoje em dia.

    Creio que o maior problema não será tanto o de falta de cultura geral, mas sim a falta de curiosidade em relação ao conhecimento.

    No entanto, isso é produto da sociedade da televisão e internet que hoje existe, em que nos são servidas respostas um bocado "fast food" que nos satisfazem o "estomago curioso" mas que no fundo, em doses exageradas, pode fazer mal ao nosso espirito curioso

    Abraço

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  2. Caro Radar,

    Atendendo ao que escrevi sobre o conectivismo, não sei se concordo com a necessidade de se perguntar mais "porquê", pelo menos com a importância que se atribui usualmente aos porquês.

    É um facto, que a ciência resulta do espírito curioso, de gente que não se fica pela constatação, que busca a raiz e o cerne das constações.

    Essas respostas "fast food" de que falas têm o seu valor: permitem conhecer superficialmente muitas coisas, mas têm como contrapartida estimular o indíviduo à passividade, a saber as coisas pelos outros, sem que haja partipação activa, interessada e motivada pelo conhecimento das coisas.

    Agradecido pela tua participação,

    Marcelo Melo

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