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Sobre o jornalismo medíocre

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Recentemente, duas declarações feitas num contexto específico foram transportadas para um âmbito mais geral e como tal desfasado, colocando consideráveis problemas mediáticos aos emissores de cada uma delas.

Tenho vindo a incidir bastante nos órgãos de comunicação social, muito devido ao livro “Portugal Hoje, O medo de existir”, estando agora bastante mais desperto para as agruras que se fazem, vivem e sofrem no mundo jornalístico.

Repare-se na sórdida tendência para o sensacionalismo que é ir buscar declarações de um cardeal feitas num contexto próprio, no qual também terá certamente frisado aspectos positivos sobre o assunto em causa, e pôr no ar a parte negativa daquilo que disse, sem que o telespectador perceba o enquadramento, linha de raciocínio ou ambiente que se vivia na sala onde decorreu a palestra. Isto fere-me enquanto candidato a pessoa equilibrada, porque não consigo ver neste tipo de trabalho a imparcialidade, honestidade intelectual e brio profissional que deveriam ser inquestionáveis face à responsabilidade afecta a essa actividade.

No dia seguinte a esta malvada manobra jornalística, constatei um efeito imediato. Alguém que consumiu aquela informação e foi vítima dela: assumiu um preconceito para com os muçulmanos motivado pelas declarações do cardeal.

Não escrevo este texto para discutir aquilo que foi dito pelo senhor cardeal, antes para perguntar quanta da culpa pelo preconceito que em primeira pessoa constatei está no referido senhor e quanta se deve à oportunista ingenuidade de fazer uma peça jornalística que vende as declarações como se tivessem sido feitas em abstracto.

O segundo caso surgiu dias depois, quando uma atleta do maior clube do mundo se desloca a uma escola primária lisboeta e, em resposta a uma questão colocada por uma criança sobre o que dizia o treinador ao intervalo quando estavam a perder, terá dito, porventura num tom adequado à idade do interlocutor, que o treinador fala mal dos jogadores. É concebível que esta declaração seja capa de um jornal desportivo no dia seguinte?

Com toda a sinceridade, não entendo como os jornalistas se permitem este tipo de lixo que só rebaixa a profissão na sua globalidade e os descredibiliza desmesuradamente.

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