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Sobre a tecnologia enquanto motor da escravidão laboral

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52600vCEB_w É inintelegível como pode a tecnologia estar hoje tão adiantada face ao passado mas nunca como agora o ser humano ser tão escravo do trabalho. Afinal, de que adianta inventar um programa computacional que execute em trinta minutos o trabalho outrora durava um dia inteiro, se, do ponto de vista do trabalhador, o que irá suceder é que terá de passar a produzir diariamente o equivalente a vinte dias de trabalho de então?

Questionadas sobre o futuro, muitas pessoas diriam convictamente que as pessoas terão de fazer menos porque as máquinas farão mais. Ilusão pura em projecções que têm tanto de bonitas como de irreais quando o presente de hoje, que outrora foi o futuro projectável, mostra que não foi o automóvel, o computador pessoal, a internet ou o telemóvel que nos fizeram trabalhar menos: a tecnologia tem vindo a ampliar o trabalho, levando a que cada vez se trabalhe mais.

A falta de memória ou uma forte política de relativização impedem que nos detenhamos nos enormes progressos que a tecnologia incrementou em tão poucas décadas e de os esgrimir como argumentos irrefutáveis rumo a um ganhar qualidade de vida, não em bens materiais, pois esses a tecnologia tem sabido guarnecer com mestria, mas em bens imateriais como o tempo livre e a paz de espírito.

Nos domínios da comunicação e transportes, a tecnologia permite hoje maravilhas inquestionáveis que nos deveriam fazer pensar em ter mais férias ou então em ter um dia mais de descanso por semana: onde está o impedimento para que tal aconteça, que não no comum alheamento dos que executam tarefas sem raciocinar sobre o que estão a fazer? Se o cientista, o agricultor, o advogado, o polícia, o camionista trabalhassem menos um dia por semana, estariam ainda assim a fazer mais do que os seus antepassados fazia numa semana. Porquê trabalhar desalmadamente na direcção do futuro, se nunca chega o tempo de apreciar e beneficiar das facilidades da tecnologia e por fim viver? Há que quebrar certos dogmas sustentados por teorias económicas, sociais e laborais, que valem muito para um colectivo abstracto que, representando todos, representa nenhum de nós.

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