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Sobre a crítica aos governantes

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Nós por cá, perdoe-se-me a apropriação da expressão, continuamos com severos problemas de imparcialidade na análise política e da classe política. Francamente que é paradoxal a forma como nos pomos todos a vociferar contra os que por sufrágio universal se legitimam governantes, sem que exista da nossa parte qualquer tipo de manifestação de insatisfação aquando do acto eleitoral.

As cidadãos elegem um líder para o país, legitimado para um período temporal conhecido, e depois, de repente, parece que se esquecem dessa concessão conquistada por ele, e desatam a contestar, o que facilmente adultera o sentido das coisas: quem vota no líder e o critica, está a criticar-se a si próprio.

Os jornalistas, comentadores ou meros cidadãos comuns poderão tecer as considerações que bem entenderem, sob o epíteto da liberdade de expressão, mas não se lhes deve apagar da consciência a legitimação que o governante obteve do povo, para actuar. Alguns confundem mesmo a legitimação da liberdade de expressão com a legitimação do sufrágio universal, investindo no primeiro como forma de abalar o segundo.

Estremeço perante o procedimento nacional de não ser capaz de gerar alternativas mas encontrar na recalcitração um tique nervoso crónico. Chegam as eleições e vendo as alternativas somos até bem capazes de reinvestir o líder que criticámos, para mais tarde voltar a falar mal dele.

Perdoem-me por dizer isto, mas a culpa do estado do país e das coisas é nossa. Dizer que é dos governos é entrar em ardis lógicas de penalização de B devido a C, quando A é quem legitima B e em A somos todos nós. E se você não legitimou o líder que contesta, revolte-se contra os que o legitimaram, não com o próprio líder, porque estará encontrar nele um bode expiatório.

Não gosto de ler muito do que se escreve sobre política na blogosfera porque quase sempre são recortes de cidadãos que se esquecem do seu papel e da sua eventual culpa nos resultados que apontam como fracassos, misérias, tragédias.

Qualquer um pode acordar de manhã e decidir-se a ser candidato a líder, embora seja bem mais fácil ser candidato a crítico, a candidato a revoltado que se realiza com pouco.

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