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Sobre o autodidactismo

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O autodidactismo é uma característica comum a muitos homens que marcaram a história nos diferentes campos possíveis. Deve-se lembrar que muitos deles, pela sua condição aristocrática ou de generosa abastança, não tinham uma profissão estabelecida, pelo que se tornavam autodidactas num misto de passatempo e objectivo de vida.

Penso que nos equivocamos quando cremos que há pouco autodidactismo hoje em dia, fundamentalmente porque o associamos à erudição em matérias menos populares. Pela semântica percebe-se que o autodidacta é aquele que aprende por si mesmo, não havendo distinção sobre a matéria que é aprendida. Aqueles que vêem filmes ou que praticam, por si, uma modalidade desportiva ou artística, que ouvem música ou vêm documentários, são todos praticantes, ainda que possivelmente inconscientes, da autodidaxia.

Não está assim tão distante de nós, nem é tão criterioso na sua manifestação, o autodidactismo, pelo que não se entendem as reservas na vulgarização do termo.

As pessoas falam desta aprendizagem por si como se de uma invulgar capacidade humana, uma qualidade digna de alusão, um elogio, quando o que me parece é que o valor está mais na intensidade com que é posta em prática.

Nas escolas, surgem por vezes laivos de promoção do autodidactismo, mas não existe autodidaxia a la carte, porque me parece que na definição desta prática falta a referência à autoproposição da aprendizagem por si. Será que uma criança que seja mandada ler um livro para casa está a incorrer nos caminhos da autodidaxia? A obrigatoriedade excluí a criança da genuína aprendizagem por si.

A grande maioria dos clientes das livrarias são autodidactas, que praticam o autodidactismo pela tradicional via da erudição, o meio clássico ao qual está associado. No meu entender, é importante que as pessoas estejam conscientes do quão autodidactas são, no contexto das suas vidas, para que se consigam valorizar e sentir que podem dar um contributo tão válido à sociedade a que pertencem como aqueles que por algum motivo viram o seu autodidactismo mediatizado, porventura por incidirem em questões técnicas e menos populares. Reafirmo-o: o autodidactismo está presente e em contínuo uso, não façamos dele um cofre de génios ou da nata da sociedade.

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