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Sobre os juízos morais e a idade

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Existe uma forma típica de responder, por parte dos responsáveis morais por menores ou por gente mais jovem, que incide na ideia de que a idade em questão é a apropriada para se ter determinado comportamento, adoptar determinado estilo de vida ou defender determinado tipo de posições.

Para mim, quem usa esse tipo de argumentos encontra neles uma muleta fácil para não ter de se preocupar frontalmente com o assunto. Dizer que determinado jovem troca de namorada como quem muda de roupa e sustentar isso com o estar na idade própria para o fazer é entrar num terreno perigoso que pode levar a resultados imprevisivelmente adversos.

Quando se está a discutir a moralidade de uma determinada questão, relativamente a alguém, não se deve recorrer a este tipo de aliviadores de tensão, de outro modo vicia-se completamente, ao ponto de abortar, o exercício que estava a ser feito. Este tipo de argumentária surge mais em pais, mães, avós, padrinhos, tios, etc, que dele se servem para justificar a irreverência, incorrecção com que muitos jovens governam as respectivas vidas, sem que tenham de abdicar momentaneamente do afecto e carinho que dedicam às pessoas em causa.

Sou particularmente avesso a este argumento pois atento a que ele abala as considerações condenatórias que poderiam surgir, porque, ao alegar a adequação de tal situação ao contexto etário do indivíduo, anulam-se as hipóteses de tal situação não ser aceitável e como tal ser condenável. Quem tolera que se fumem uns charros porque quando senão nesta idade é que isso deve ser feito, está claramente a subtrair da conversa as vias que admitem a condenação da tal conduta. Em causa está a moralidade da situação e não a temporalidade moral. Dizem que esta é a altura certa da vida para o tipo de questão em debate, em vez de se concentrarem na raiz do problema, a sua aceitação, adequação ou não do ponto de vista moral.

São vícios como este que fazem de gente boa e sã, maus tutores. É isto, também, que conduz a gerações que depois se dizem perdidas, tão perdidas como outrora o tino dos juízos sobre ela.

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