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Sobre “Portugal, Um Retrato Social” : a velhice

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No Portugal de hoje, tão bem contrastado e exposto por António Barreto na série de documentários “Portugal, Um Retrato Social”, a velhice surge na nossa sociedade como um problema inédito que se coloca às famílias, em tantos anos de história.

O aumento em cerca de 30 anos da esperança de vida da nossa população, em apenas meio século, soma à imediata constatação do notável progresso que esse número representa, um conjunto que aspectos novos. Sabendo que a extensão da vida conduz a idades avançadas que se caracterizam por uma maior fragilidade e uma progressiva dependência, a velhice actual é um centro de preocupações devido à dependência tida pelos mais idosos relativamente aos filhos, netos ou familiares, mais novos.

Para os próprios idosos, o tédio que seria expectável para a inexistência de morte, ou seja, para a condição de imortalidade humana, faz-se notar na forma como preenchem o seu tempo, ficando muitas vezes sem objectivo de vida, ou encontrando num jogo de cartas ou na contemplação do mundo num banco de jardim, os objectivos principais de suas vidas.

Acima de tudo, a estrutura funcional da nossa sociedade puxa os jovens e os adultos para o trabalho e empurra os velhos para a solidão. No documentário, a determinada altura, alerta-se para o receio de que as crianças vejam os lares de idosos como parte do processo natural da vida humana, o que prenuncia a habituação a esta solução que tem tanto de útil como de controversa.

Pergunto-me, também, se não estaremos ao invés numa etapa de transição entre o modelo de família dos anos 60,70,80 e modelo de família que vigorará nas próximas décadas. A devoção religosa, coesão familiar, tipo de emprego, local de habitação, objectivos de vida, etc, são tão distintos, que talvez vivamos ainda num misto do que as coisas e pessoas serão e do que as coisas e pessoas foram. A velhice é hoje uma questão central que exige respostas políticas revolucionárias para bem do nosso futuro.

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