Atendendo ao ano do meu nascimento, encontro-me precisamente a meio da faixa de idades que muita gente tem apelidado de geração perdida.
Não sei se deva sacudir a água do capote, alegando em minha defesa que não faço parte do estereótipo caricatural deste grupo, ou se simplesmente me cale e consinta que o façam legitimando-se numa maioria de jovens a quem o epíteto até nem fica mal de todo, ainda que me denigra de algum modo.
Para quem percorre a blogosfera à procura de pessoas e de blogues versando coisas como as que motivam a minha escrita, certamente que o contacto com a geração perdida tem um sentido especial. Afinal, e para não ter de citar exemplos da vida real que realmente não têm qualquer cabimento, será que em tanta gente jovem a escrever e a dar-se a conhecer através da Net, os resultados têm de ser tão deprimentes?
Remeto esta questão da geração perdida para a blogosfera porque pretendo explorar uma perspectiva menos falada, que é a de como esta geração perdida mostra pela tecnologia, de que tanto depende e orbita, o quão desprovida de interesses metafísicos, de promoção de debates, de aprendizagem pela troca de ideias sobre assuntos não convencionais e relevantes para a sociedade.
Faz-me uma espécie danada verificar que haja tanta gente a canalizar energias para tontarias na Net, sem qualquer primor por mostrar-se capacitado para aguentar com o mundo e para contribuir para o mundo que recebeu de gerações anteriores.
Desde a minha adolescência que mantenho o gosto maior de falar com adultos do que com jovens, na exacta medida em que os últimos parecem desinteressar-se por aquilo que os deveria intrigar, um desinteresse que atenta contra a impressão das suas identidades no tempo em que vivem, o que me faz sentir constrangido pela minha diferença.
A geração perdida, para mim, não é pelas asneiras que faz, é pelo desinteresse, pela alienação, pela sufocante contemplação imbecil do mundo.
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