Logo no início do ano, propuz-me assistir a algumas aulas de engenharia química através de um conhecido site de conteúdos em vídeo, as quais haviam sido gravadas voluntária e propositadamente por um docente de uma faculdade norte-americana.
Estou em crer que um dia riremos da forma como as aulas são hoje dadas. Pessoalmente, acho que as aulas gravadas em vídeo são um progresso. Os benefícios são óbvios: mais e melhor atenção, possibilidade de acompanhar remotamente um curso, possibilidade de rever conceitos e prestar atenção ao que é dito e não ao que se tem de apontar, como sucede no modelo clássico presencial. Claro que, para os alunos, um curso que se apoie em aulas gravadas exige aos mesmos autodisciplina para que cabalmente acompanhem o curso. Todavia, disciplina é aquilo que já hoje é exigido, nem sempre com o sucesso pretendido, como se sabe. Não há diferença entre o aluno que não assiste à aula gravada e aquele que não comparece na aula.
As aulas gravadas retiram dos professores um aspecto quanto a mim mau da profissão: a contingência de terem de repetir, nem que mecanicamente, as aulas de um mesmo dia a diferentes turmas ou ano após ano. Ao invés de dar as aulas, os professores poderiam assim ganhar tempo para outro tipo de abordagem com os alunos, que poderia passar por conversas para esclarecer dúvidas ou trocar impressões, isto é: mais personalização do ensino e menos mecanização.
As aulas em vídeo têm ainda outras vantagens. Se nas aulas físicas há sempre gente distraída, alienada, barulhenta, que porventura perturba os outros, com gravações isso deixa de ocorrer, porque cada aluno tem uma aula individualizada via computador, telemóvel, ipod. Até no autocarro pode estar a ter uma aula.
Não posso esquecer, contudo, que as aulas gravadas provocam uma exposição do docente, a qual o pode castigar caso este seja dos que esconde a sua incompetência ou preguiça dentro de 4 silenciosas paredes. Isto um dia vai mudar, aposto que sim.
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