O ponto de exclamação tem muito que se lhe diga! Hoje vejo que lhe tenho subestimado valências, sobretudo a respeito de diálogos e das limitações da conversação por escrito.!
Volvido algum tempo a pensar, estou em condições de concluir neste momento que os pontos de exclamação deveriam ser utilizados sempre que decorre uma conversação e há lugar a falas de pessoas.! Ao contrário do ponto final, que tem a frieza de quem informa de modo impessoal, é caricato notar que a utilização de pontos de exclamação está sempre associada a intervenções pessoais, isto é, tem sempre uma ligação a um sujeito que profere a frase exclamativa, pelo menos assim é nos exemplos em que consigo pensar.!
Ora, em rigor, o ponto de exclamação deveria ser usado em toda e qualquer frase que diga respeito a um alguém que diz algo.! Mesmo que se trate de uma pergunta ou uma retórica, também aí o ponto de exclamação mereceria em rigor ser aplicado.!
Deve-se esta ideia ao facto de que o referido ponto, na sua génese, implica uma atitude perante a frase, como que uma entoação que quem lê percebe como sendo a entoação de um alguém que a profere.! E se a profere, é porque há um sujeito que está implícito.!
Quero com isto dizer que existe um défice de uso do ponto de exclamação, o qual parece ser usado preferencialmente em casos de propositado ajuste do tom com que as palavras são escritas.! Esse ajuste do tom é precisamente o que nos permite, quando ouvimos alguém falar, perceber se está optimista, se está desconfiado, se está a ser verdadeiro.! Se o ponto de interrogação pressupõe uma colocação específica do tom da leitura para que se entenda que está a ser colocada uma questão, a verdade é que o ponto de exclamação pressupõe tão somente que aquela frase não existe solta no mundo mas que seja imputável a um alguém que a diz com sentimento.! Neste sentido, o ponto de exclamação merecia uma presença em toda equalquer frase de um diálogo.!
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