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Sobre a fortaleza que é o pensamento

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A actividade cerebral que culmina no pensamento humano tem uma virtude estrutural extremamente importante: é ininteligível pelos outros caso não haja comunicação para o exterior.

É impossível imaginar o que seria viver e o que seria a vida caso assim não fosse, mas não nos enganemos: pese embora poder (dever?) ser vista como uma virtude, a verdade é que esta característica acarreta responsabilidades e perigos.

Vejamos: a censura formal que se abateu em Portugal durante a ditadura de Salazar foi uma forma de procurar atingir o livre pensamento das pessoas, pela via da restrição da comunicação do que lhes ia no pensamento. Porque o fizeram com violência e dureza? Quiçá porque quem reconhece o poder do livre pensamento acaba por ter medo dele. Pensemos: imagine-se o que sucede quando desconfiamos que determinada pessoa nos fita insistentemente sempre que estamos na sua presença e pela sua expressão facial e atitude nos faz parecer ter algo contra nós ou ter motivos para pensar mal de nós. Em momentos assim, percorre-nos o calafrio de querer saber exactamente o que estará aquela pessoa a pensar de nós ou sobre nós, sentimento que em muito espelhará o temor pelo desconhecido que é a mente de cada um.

Contudo, as agruras dessa fortaleza insaquiável que é o nosso pensamento não têm necessariamente de envolver os outros, podendo revelar-se como uma penalização que nós próprios nos autoinfringimos por vício ou inconsciente mediocridade. Repare-se que as pessoas que andam mentalmente ocupadas com coisas alheias, aquelas que se diz que estão com a cabeça noutro lado, podem muito bem ser os grandes prejudicados em termos profissionais, escolares ou sociais. Soubera cada um de nós que o lhe ocorria em mente poderia ser lido pelos outros e desmascarar-se-iam num segundo as pessoas passam o seu tempo de trabalho, de estudo ou de vida, concentradas em obsessões individuais, em questiúnculas vãs ou assuntos familiares e afectivos que as desloca do enfoque nos seus compromissos laborais, escolares, familiares.

Por isso, quando falamos de produtividade, em particular de formas de o aumentar para nos tornar competitivos no que fazemos, há uma dimensão pessoal que na melhor das hipóteses pode ser influeciada, mas nunca forçada a melhorar, que é o enfoque do nosso pensamento. Quanto mais disciplinarmos o âmbito do pensamento para as tarefas que formalmente estamos incumbidos de realizar, mais conseguiremos concentrar e mais eficiente será quer a compreensão e aprendizagem dos assuntos, como a gestão do tempo que tem de ser alocada a uma tarefa. Como disse, este domínio é inteiramente pessoal e apenas pode ser influenciado, razão pela qual este texto apenas ambiciona a concretizar este último contributo.

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