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Sobre os filtros da informação na era digital

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Foi com enorme interesse que escutei a palestra mais do que pertinente dada por Eli Pariser, a respeito da necessidade de se estar consciente da maneira como a informação tem vindo a ser gerida na internet.
Eli chama a atenção para o facto de os motores de busca não mais serem ferramentas estanques no que diz respeito aos resultados que apresentam e poderem estar indexados a até 58 parâmetros sobre o utilizador que pesquisa, desde localização a interesses. Por este motivo, Eli alerta para o facto de cada vez mais os resultados serem personalizados segundo uma lógica de mostrar aquilo que queremos ver mas não necessariamente aquilo que devemos ou é importante vermos.
Segundo o mesmo, do igual modo que um editor de um jornal define uma linha editorial com base em critérios que não se esgotam no noticiar aquilo que as pessoas gostam de ver, ouvir e saber, é muito perigoso ignorar que o fluxo de informação possa estar a ser gerido cada vez mais em sentido oposto.
Acima de tudo é importante estar consciente deste desenrolar da informação, caso contrário poderemos não só passar ao lado de assuntos prementes e que nos deveriam suscitar intensa mobilização e preocupação, como também achar que o mundo se esgota no grande palco do entretenimento.
Este alerta parece-me muito importante, na medida em que a gestão dos critérios de pesquisa pode facilmente desembocar num problema do tipo terra de ninguém, na qual os responsável pelos motores de busca se descartam de responsabilidades porque é sua missão gerar resultados que as pessoas mais desejam, e pelo lado dos utilizadores, que consultam os motores de busca como se tratassem de autênticos oráculos, depositam neles uma confiança para determinar o que existe e o que não existe na rede.
Sobrevoando em perspectiva o assunto, Eli aborda um sintoma provocado por uma necessidade cujo atraso em existir está já, a meu ver, a motivar preocupação: a necessidade de se criar um organismo mundial para a internet, que regule toda a rede mundial e estabeleça normas sobre os conteúdos e a gestão dos mesmos.
Como escrevi no passado, a internet é o novo mundo que as nações e empresas estão a tentar conquistar, pelo que volvido o êxtase colonialistas, é hora de regular e estabelecer normas éticas e do foro dos direitos humanos que sejam universais e aculturais.
Ouvindo os alertas de Eli não posso deixar de lembrar que se no mercado dos canais de televisão estamos rendidos aos canais de entretenimento que nos entopem com conteúdos fúteis que só nos desajudam a saber passar o tempo, também na internet começa a ser assim, o que levanta dúvidas sobre a nossa capacidade de perceber que é necessário disciplina para não ceder ao entretenimento, que tão pouco acrescenta ao mundo.

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