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Sobre o lucro instantâneo e o “excesso” de ricos

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Dei comigo há dias imaginando a quantidade de gente que se encontra actualmente em condições de viver do rendimento de capital acumulado ou gerado por intermédio de investimentos financeiros.

Tendo conta os anos que o capitalismo já leva, a quantidade de gente que amealhou fortunas ao longo destes anos, e que hoje pode estar a viver dos juros, dividendos, rendas, etc resultantes da aplicação das mesmas, deve ser astronómica.

Pese embora não ter elementos factuais para comprovar o que penso, estou em crer que anos de capitalismo levaram ao crescimento do número de pessoas que fizeram fortuna, do mesmo modo que cresceu o número de pessoas que, não sendo propriamente ricas, passou a ter dinheiro para pôr a render.

A economia digital revolucionou a forma como podemos “pegar” no dinheiro que queremos pôr a render e lançá-lo no mercado sob a forma de investimento. Ninguém faz ideia da quantidade de gente que acorda todos os dias de manhã e o seu objectivo é pôr a render ou tirar rendimento de dinheiro a partir de um monitor de computador, com um sede insaciável.

Um dos problemas que desde logo identifico nesta tendência, resulta do facto de que tudo o que é empreendido pela internet poder ser feito às escuras e desregradamente. Sem regras, cada vez mais ricos empreendem investidas no mercado para lucrar o máximo possível no menor espaço de tempo possível, com dinheiro cuja proveniência poderá sequer nem ser conhecida ou registada.

Havendo tantos caçadores à procura todos os dias de caça valiosa, a lógica da sustentabilidade é afectada, e a determinada altura surgirá uma necessidade e tentação de inventar caça para poder continuar ou facilitar a caçada. A invenção da caça, por parte dos investidores, decorre todos os dias através da “interpretação” de notícias, relatórios, declarações de todo os que directa ou indirectamente, voluntária ou involuntariamente fazem parte desta grande roda gigante que é o mercado capital e que o influencia.

Temos então agora a “consciência dos mercados”, que é a ferramenta encontrada por quem quer inventar a caça para “interpretar” o que acontece, fragilizando ou protegendo de acordo com os seus interesses.

Investir (caçar) começa então a perder, se é que não o perdeu totalmente, o carácter imprevisível para os grandes investidores (caçadores), dado que eles próprios encurralam as presas e impõem o que vai acontecer a seguir.

Dá-se então a tragédia de haver países e povos encurralados pelos mercados, de haver empresas que hoje valem 3 amanhã valem 7 e para semana valem 0, sem que nada de verdadeiramente impactante tenha acontecido. A somar a isso, impaciência pelo rendimento a médio e longo-prazo torna tudo isto terrorista.

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