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Sobre as reformas, os políticos e a democracia

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Os políticos adoram a palavra “reforma”, e os contribuintes em geral também.

Os primeiros servem-se dela para fundamentar as pequenas revoluções que na oposição lhes saltam histericamente à vista em termos de pertinência e que acabam por preconizar nos programas de governo que submetem a sufrágio. Num volta-face eleitoral, ei-los em posição de governação, e que fazem? Mantêm fidelidade à palavra “reforma” no conjunto do seu léxico preferido para discursos, mas desta feita começam a servir-se dela no sentido que tanto costuma agradar aos contribuintes “reformados”, esgrimindo-a como argumento impeditivo para não “reformarem”, como preconizavam, o país. Trocando por miúdos e com uma pitada q.b. de confusão à mistura, o que eles passam a fazer no governo é qualquer coisa como não “reformar” o país porque isso exige medidas que afectam as vidas dos que vivem das “reformas“ do estado.

Nesta tremenda carambola linguística e política, é complexo ter certezas sobre o certo e o errado. A situação assume mesmo uma perspectiva paradoxal: sem “reformas”, protegem-se as vidas dos “reformados” , mas sem a concretização de “reformas” no país, talvez deixem mesmo de haver “reformas” para todos, extinguindo a categoria dos “reformados” e o direito à “reforma”.

Perante esta jiga-joga, não custa concluir que a política é confusa, complexa, matreira. Decorre portante qu nem todos podem ser políticos, porque nem todos têm capacidades de interpretar, compreender e executar uma linha programática teoricamente ponderada ao ponto do equilíbrio, mas igualmente dotada uma flexibilidade para se moldar às exigências práticas que tanto podem atrapalhar a sua implementação.

Do mesmo modo, nem todos os contribuintes podem ser votados à postura de agentes passivos que reagem rudemente emocionalmente a estímulos governativos, sem conseguir vislumbrar a profundidade das medidas. Contribuintes, de que vale agarrarem-se às “reformas”, subsídios e salários que recebem e achar estão perante um direito infalível que no limiar do colapso de um ingestão política e económica divinamente vos será atendido? Onde pára o vosso dever de participar na gestão, de olhar para a “reforma”, o subsídio ou o salário e ver neles espelhados o indissociável dever de pensar nos problemas do país e contribuir pela via do voto, da intervenção em sociedade, etc, no sentido de políticas que tornam sustentável o modo que vida de hoje e que procuram melhorar o de amanhã?

E vós, políticos, de que vos vale serem honestos à entrada e desonestos à saída, de se acharem activos para “reformar” onde é preciso aquando do início, e logo vítimas de tudo e mais alguma coisa quando se coloca a oportunidade de executar o que outrora foi pensado como “reforma” e levado a votos?

Evolui democracia, precisamos tanto de ti…

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