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Sobre a socialização e a expansão de horizontes

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Há um sem fim de pessoas que adoptou uma sistemática forma de estar na vida que lhes tolhe a expansão dos horizontes. Falo de gente que na consequente interacção que vai tendo com uma diversidade de seres humanos acaba por nunca conseguir estabelecer um plano de conversação fértil no qual inexistam constrangimentos temáticos e de raciocínio.

A problemática maior daqueles que se deixam cair nesta dinâmica é que entram em qualquer conversa para se protegerem, mais do que para se superarem. Por conseguinte, expandem muitíssimo menos os horizontes, já que esperam que o interlocutor seja uma extensão deles mesmos, isto é, que se relacionem apenas em linha com o que já se pensava, já se achava, já se gostava.

Chamo-lhe problemática não porque o seja em termos absolutos. Em absoluto isto é uma forma de estar tão legítima como qualquer outra. No entanto, não me contenho de dizer que essa não é a melhor estratégia a adoptar numa sociedade cada vez mais vincada nos aspectos da socialização. Socializar também se aprende, e quem aprende a socializar acaba por perceber que socializar é aprender. Aprende-se o que os outros nos servirem de bandeja no seu discurso. Quanto menos barrarmos o caminho ao seu menu temático, mais chances temos de eles nos surpreenderem com informação e conhecimentos que nos façam aprender algo desconhecido ou em nós impreciso. Só assim uma conversa pode acrescentar valor.

Independente da forma de estar que cada um resolva adoptar ou acabe por adoptar no âmbito da comunicação, importa ter presente que se não formos permeáveis às ideias e convicções dos outros, mesmo que não concordemos com algumas, perdemos a capacidade de achar qualquer um interessante. Creio que isto é recíproco, de modo que de alguma forma os outros também se aperceberão que não somos seres humanos muito interessantes para se conversar. Este desgaste de opinião leva a que pessoalmente nos tornemos egocêntricos, julgando-nos superiores aos outros (julgamo-los entediantes) e a que nos isolemos, pois também os outros concluirão que não vale a pena tocar em alguns temas na nossa presença, ou que não vale a pena desenvolver muito a relação que têm connosco.

Com todo o respeito pelos que adoptam uma forma de estar excessivamente assim, permitam-me que confesse que acabo por vê-los como crianças adultas, que peremptoriamente brindam os outros com um seco "não gosto!" ou "não me apetece!“, completamente ausentes de alma social. Mensagens destas são passadas todos os dias em conversas entre adultos sob uma panóplia de outras frases menos desconcertantes, mas que conduzem a semelhante efeito. Soa a birra por atenção e a vontade de impôr os nossos horizontes aos outros, como se fosse obrigação dos outros estar no mundo e na vida segundo a bitola que nós temos.

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