A natureza está repleta de casos em que animais de menor dimensão tiram partido de outros maiores, mais fortes, mais poderosos. Nos humanos chamamos uma de muitas coisas a isso: parasitismo, subsidiamento, cunha, jeitinho, esperteza, oportunismo, tráfico de influências, corrupção, Estado social.
Este é um assunto um tanto paradoxal para os arquétipos de bem e mal da sociedade. Situações há em que beneficiar a partir dos mais poderosos, influentes, ricos, é condenável e sancionável pela justiça, enquanto que noutros casos a recorrência aos mesmos ricos e poderosos, se para fins de subsídios ou gratuitidade na educação ou saúde, já merecem o aval colectivo das pessoas e parece justo.
Condenamos preferencialmente quando poucos se beneficiam privilegiadamente, mas não é precisamente isso que acontece noutras situações em que o Estado entra com dinheiros recolhidos junto dos que mais acrescentam valor para suprir coisas que não supre à grande maioria?
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