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Sobre o filme “Tabu”, de Miguel Gomes

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Pilar vive os seus primeiros anos de reforma a tentar endireitar o mundo e a lidar com as culpas dos outros, tarefa cada vez mais frustrante nos dias que correm. Participa em vigílias pela paz, colabora em grupos católicos de intervenção social, quer acolher em casa jovens polacas que vêm a Lisboa para participarem num encontro ecuménico Taizè, põe e tira da parede da sala um quadro muito feio que um amigo pintor lhe ofereceu para que este não se ofenda por ali não o encontrar quando lhe fizer uma visita. Fonte: Lusomundo

Prometo desde já falar deste filme sem constrangimentos associáveis ao seu título: este é o melhor filme português que já tive a oportunidade de ver. Bem sei que é a preto e branco, que nem sempre é o ritmo dinâmico ou que durante uma boa parte do filme há lugar a uma narração que substitui o diálogo dos personagens. Ainda assim, este é o melhor filme português que já vi.
O meu arrebatamento começa desde logo pela escolha do tema, aliás dos temas: vivências na África colonial, impacto dessas vivências na vida no Portugal pós-colonial, velhice em solidão, amores extraconjugais, e um crocodilo a servir de elo de ligação entre diferentes partes da história.
E se falei nisto tudo sem com isso aludir à qualidade do argumento, pois me estava já a cair em esquecimento um traço distintivo e nobre desta produção: em momento algum da história o português empregue desce abaixo de um patamar de elegância, fluidez e erudição, como como costuma ser apanágio num certo cinema que prima pela rudez nos diálogos.

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