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Sobre a peça 'Medida por Medida', de William Shakespeare

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Medida Por Medida, encenada por Nuno Cardoso com toques indeléveis de contemporaneidade e restrição orçamental, aborda o tema da corrupção, da hipoteca dos valores e da forma displicente mas válida como homens de diferentes extratos sociais podem ser tão frívolos, grosseiros, mas parecidos nas suas formas de estar na vida.

Em jeito de comédia subsiste a todo o momento uma aura sexual intensa e mercantilista, traço que tão bem retrata esta sociedade viril que a todos resume a bens de consumo. Esta opção pelo sulco sexual retira alguma sobriedade à peça e ao seu humor, mas como que satiriza legitimamente o modo como se vive hoje em sociedade, com a volúpia e a lascívia a fazerem de cetro da nossa vivência colectiva.

Não posso deixar de registar também a dualidade de conduta e princípios cristalizada pela personagem do fidalgo (o chefe manipulador aparentemente cândido) e por Isabela (a cândida noviça que não se deixou vergar pelos manipuladores). Isabela é a única que se mantém até ao fim na senda da virtude. Fá-lo em nome da fé, mas acima de tudo fá-lo por perceber que a dignidade e a honra só com o nosso consentimento nos podem ser retiradas.


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