© Paul Kuczynski
O presente trouxe a muita gente a necessidade de transpôr para a prática conceitos conhecidos em teoria mas que tardavam em afirmar-se: contenção, racionamento, poupança. Após anos em que muitos foram os que adotaram uma atitude de consumo agressiva altamente voraz e irracional, o karma da economia encarregou-se de proporcionar o desafio da realidade contrária: supressão agressiva do consumo, apelo à gestão racional do que se tem ou deixa de ter.
Ricardo Reis (heterónimo de Pessoa), deixou como legado uma máxima que viaja comigo para todo o lado onde vou: "abdica e serás rei". O esforço de quase um país inteiro é precisamente esse: perceber que tanto se é rei por deixar de desejar, como por ter efectivamente um reino material sobre o qual reinar.
Não concluo sem registar que no dia em que esta publicação é feita, comemora-se (timidamente) o dia mundial da justiça social. No meu enteder, a justiça social não passa por igualar as pessoas todas no mesmo degrau: passa por reconhecer que naturalmente existe uma pirâmide social (sempre existiu) e que cabe aos de cima puxar os que estão em baixo para a sua beira através da cultura, da instrução, da expansão de consciência, etc. Justiça social é uma questão de estímulos ao crescimento interior, não de subsídios inertes.
Sem comentários:
Enviar um comentário