Estou em crer que a maioria das pessoas ignora uma possibilidade sobre si mesma importante o suficiente para refrear o seu lado mais corrosivo e implacável e que consiste no seguinte: as reações que cada um tem não são só função da ocorrência de eventos com que nos deparamos, mas de uma necessidade própria que cada pessoa tem para procurar assuntos e coisas sobre as quais reagir.
Quando acreditas que são os assuntos que te levam a consolidar e manifestar opiniões, isto é, a reagir ao mundo que percepcionas, colocas em segundo plano a possibilidade igualmente válida de que tenhas em ti uma necessidade diária de reagir e opinar sobre o mundo, a qual por si só possa justificar a escolha e identificação de determinados assuntos que mais mexam contigo.
E por que é que é importante vislumbrar esta possibilidade? Porque talvez conscientes da mesma tenhamos mais respeito pelo mundo quando emitimos uma opinião. Porque talvez assim a ponderação nos visite mais regularmente e o tento no que dizemos possa ser fomentado pela vertigem de suspeitar que na nossa opinião não está (sempre) em causa a verdade das coisas, mas o escape pessoal que precisamos encontrar nelas.
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