A peça de teatro que dá pelo título "Violência - Fetiche do Homem Bom" é uma produção da autoria de Cláudia Lucas Chéu (texto e encenação), muito
ousada e explícita, capaz de ferir suscetibilidades. Todavia, não
agride gratuitamente: fá-lo com uma intencionalidade bem
sucedida que constrange os espectadores através da explicitação em palco de conteúdos que tendem a ser menos atribuladamente tolerados quando intermediados por
interfaces gráficas (um ecrã ou uma tela).
Com recurso ao diálogo entre dois irmãos gémeos (os atores Albano Jerónimo e Rúben Gomes), um tanto desequilibrados do ponto de vista da construção emocional e da consequente repercussão em veleidades a que a vida atual se permite, os domínios do sexo, música, alimentação ou violência gratuita são amiúde percorridos. O delírio mental destes irmãos é pautado por breves hiatos de assinalável clarividência, onde com grande mestria surgem pensamentos como: "Os homens são mais violentos que os animais só porque falam", "o que seria do homem se a sua vida, como uma peça de puzzle, encaixasse à primeira?", ou então "Um juiz ajuizar e um condenado ser preso são meras redudâncias" (citações aproximadas, de memória).
Aquele que para mim é o ápice desta peça surge quando se refere que a passividade das pessoas ante um ecrã é em si mesmo uma fonte de propagação de violência. Servir de público à violência de outrem, credibiliza e perpetua essa violência, mesmo que não nos pronunciemos sobre ela, feitos seres invisíveis e inócuos, e que a consumamos pelo silencioso fetiche de presenciar atos de violência.
Com recurso ao diálogo entre dois irmãos gémeos (os atores Albano Jerónimo e Rúben Gomes), um tanto desequilibrados do ponto de vista da construção emocional e da consequente repercussão em veleidades a que a vida atual se permite, os domínios do sexo, música, alimentação ou violência gratuita são amiúde percorridos. O delírio mental destes irmãos é pautado por breves hiatos de assinalável clarividência, onde com grande mestria surgem pensamentos como: "Os homens são mais violentos que os animais só porque falam", "o que seria do homem se a sua vida, como uma peça de puzzle, encaixasse à primeira?", ou então "Um juiz ajuizar e um condenado ser preso são meras redudâncias" (citações aproximadas, de memória).
Aquele que para mim é o ápice desta peça surge quando se refere que a passividade das pessoas ante um ecrã é em si mesmo uma fonte de propagação de violência. Servir de público à violência de outrem, credibiliza e perpetua essa violência, mesmo que não nos pronunciemos sobre ela, feitos seres invisíveis e inócuos, e que a consumamos pelo silencioso fetiche de presenciar atos de violência.
A peça aviva também a ideia de que a
convivência com violência por intermédio de um ecrã, acaba por provocar
um desenvolvimento latente involuntário que reflete essa exposição, com
consequências diretas na construção do Ser que vamos sendo a cada dia.
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