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Sobre diamantes e petróleo, enquanto dois produtos do tempo.

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The Hope, Damien Hirst (2006)


Diamantes e petróleo são dois produtos do tempo. São escassos porque demoram muitos anos a ser produzidos pela natureza, e essa demora impede que abundem relativamente à procura, o que por conseguinte os torna tão valiosos, como bem sabemos.

Muita da indústria desenvolvida pelo homem pode ser explicada pela vontade de encurtar a temporalidade das coisas. A máquina serve para isso, mas nem tudo o que é objecto dessa técnica de encurtamento do tempos das coisas, pode em verdade apenas podar o tempo. O petróleo e os diamantes são dois exemplos, pese embora poderem ser sintetizados em laboratório, existe uma percepção de que não são autênticos quando assim nascem. Do mesmo modo, colocar galinhas a produzir ovos e a crescer em ritmos frenéticos retira toda a naturalidade (a Natureza) ao processo: é uma artificialidade.

Existem muitos processos no homem que sofrem de idêntico percurso. Se adulterados na sua temporalidade perdem autenticidade e dão azo a percepções de artificialidade. Vivemos um tempo em que todos somos levados a achar que uma vida se constrói de um dia para o outro, e que o caminho mais curto é o caminho da lotaria milionária, que em segundos nos coloca na Lua. Esse é um falso sonho. Só com trabalho e compreensão da mecânica da própria Natureza nos é possível agilizar em alguma medida os processos temporais, sem perda da Naturalidade. Esta é uma lição que o homem da era do plástico e da era da internet terá de perceber, inclusivamente no que concerne à construção da pessoa desde criança à adolescência. Não se pode sistematicamente arruinar as coisas encurtando os seus ciclos naturais. 

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