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Sobre os mantras de ontem e de hoje

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Sounds of Quietness -  Andrey Aranyshev (2002)

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mantra
(sânscrito mantra, pensamento)
substantivo masculino

No hinduísmo e no budismo, fórmula (palavra ou expressão) que se pronuncia repetidamente e que visa alcançar um estado de relaxamento, contemplação e meditação.

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O bastião ocidental dos mantras religiosos são as sessões de oração que a doutrina Católica preconiza. A própria celebração eucarística, não se furtando a um intencional carácter cíclico e de reincidência, apoia-se nesta prática da repetição como forma de apuramento do ser.

E se nos confins do universão pagão (ou ateu, ou agnóstico) não encontramos, em trajes formais, o mantra e a oração, a verdade é que os há, e a própria ciência da industrialização trata de os criar a cada passo. Os ruídos de uma fábrica são por si só susceptíveis promover vivências mântricas, ou os de um comboio em andamento. A própria música contemporânea de massas o é, com a sua sina de loops, recortes que se usam como unidades infinitas de repetição. Sem o saberem, as pessoas encontram no loop um efeito de mantra e oração em tudo equivalente ao que um Pai Nossa e Avé Maria são capazes de provocar no polimento da mente, na concentração e veiculação de uma mensagem transcendental.

Mas nisto tudo convém ressaltar o que é distinto. Se o carácter repetitivo pode chegar para induzir o referido estado de relaxamento, contemplação e meditação, qual o papel da mensagem, quando a há? Será de todo supérflua? É o tipo de mensagem adoptada o que mais distingue os mantras religiosos dos mantras culturais pagãos: a mente é colocada ao serviço de repetição sob conteúdos que, no caso da música contemporânea, nem sempre são elevatórios. Daí ficar com esta dúvida: será que o destino final é forçosamente o mesmo, e como tal independente das ideias que catapultam o indivíduo para ele?

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