Abstract #17- James Hayward (2000)
O processo de atribuição de sentido é quase umbilical no homem. O impulso primeiro é sempre o de relacionar, comparar, detetar padrões, enfim, casar a realidade com ideias e conceitos já conhecidos.Isto leva todavia a uma questão maior: como é que sabemos se o sentido que criamos é credível e fiável? Para que serve, em última instância, atribuir sentido ao mundo? Só vive aquele que o faz? Só o faz aquele que vive? O que é fazer? O que é viver?
O homem arreigadamente se deixa emergir do meio dos demais seres como aquele que tem uma teoria sobre ele próprio e sobre os outros seres todos, aquele que quer ser levado a sério pelos palpites gerados pela sua capacidade de pensar e fantasiar, à qual acresce uma viciante capacidade de testar esses pensamentos e fantasias. Assim nasceu e cresceu a ciência, e assim se edificou a dialéctica e a oratória, e as atuais modalidades do discurso político e da imprensa de opinião.
Mas no entretanto, como quem vai à varanda apanhar ar fresco, resta-nos ainda uma questão mor: com o avolumar e intensificar do processo de criação de sentido, estamos efectivamente a tocar no busílis da Existência, ou todo o fulgor criativo e explicativo constituem fracassadas manobras de distracção que derivaram para nichos de fantasia e instrumentalização do mundo, e incessantes ilusões de vantagem competitiva?
Sem comentários:
Enviar um comentário