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Sobre os manuais de instruções da vida e a negligência que lhes devotamos

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Stack (My Thoughts) - Martin Kersels - 2010

Aquilo que fazemos com a  vida é em certa medida idêntico ao que fazemos com os electrodomésticos e com os dispositivos electrónicos: negligenciamos a existência de manuais de instruções e guiões de boas práticas, e partimos pura e duramente para processos de tentativa e erro que aliciam pelo pragmatismo. Talvez este pareça o caminho mais curto para a valiosa experiência que nos moldará às leis universiais de funcionamento das coisas, mas é também um caminho eventualmente mais doloroso e penoso.

Ao contrário dos dispositivos criados pelo homem, sobre qual este domina uma generosa percentagem de conhecimento, na vida os manuais de troubleshooting (resolução de problemas) parecem muitas vezes subjectivos e distantes de mais de quem somos para merecerem o nosso genuíno crédito. Não temos sequer um só manual do 'fabricante' que possa ser consumido como o documento oficial: cada religião tem o seu, e cada filósofo vai deixando os seus registos sobre como conceber, entender e proceder na vida.

De tudo isto resulta um inesperado "vamos indo e vamos vendo" no qual as pessoas procuram ir ajustando pontualmente aspectos e narrativas sobre o que é a vida para elas e como nela devem proceder, refinando o sentido de tudo pelo descartar o que esta não é, e pelo voto de confiança naquilo que parece mais harmonioso e fidedigno sobre o que esta possa ser. É nesta dinâmica que se vai jogando a nossa sorte e azar, a taxa de sucessos e insucessos, o sorriso ou as lágrimas que nos marcam o rosto e as memórias.

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