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Sobre a gestão de cargas emocionais - Parte 2

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Imagem: Seam Foam - WaltP


Se, como vimos, em contexto de solidão a gestão das bolhas emocionais requer arte e engenho relativamente ao autodomínio, autoconhecimento e à perícia detida sobre a força de vontade e automedicação anímica, em grupo, pela crucial existência de outras pessoas, quais receptáculos naturais da energia emocional que precisamos de aliviar, faz com que o processo de gestão emocional seja não raro induzido por terceiros, emancipando-se da vontade ou esforço do próprio indivíduo que transporta a carga emocional susceptível de aliviação.


Julgo que os casais funcionais operam muito assim, com cada elemento sendo o receptáculo  oficial da carga emocional do outro. Às vezes, sob demasiada exclusividade, levam a que sobre o outro recaia um exagerado papel de dissipação que penaliza a vida conjugal. A prazo podem por isso surgir problemas: ou porque o visado se cansa desse papel passivo, ou porque se frustra ante o não ver devidamente reconhecido o fardo emocional que por imperativos matrimoniais tem de suportar, ou ainda porque também ele sente necessidade de aliviar as suas próprias bolhas emocionais e não encontra comparável capacidade no(a) parceiro(a) da relação.

Por outro lado, entre amigos que já se conhecem suficientemente bem consegue-se aliviar com naturalidade e insuspeição as cargas emocionais de cada interveniente, daí que não seja raro que depois nos encontrarmos com os que consideramos nossos amigos regressemos a casa revitalizados quanto ao fardo sentimental que nos assolava no momento em que os cumprimentamos inicialmente. Todavia, também no decurso do estar com amigos podem surgir problemas, fruto do facto de que estes são muitas vezes pares geracionais com os quais a nossa vida pode directamente ser equiparada com recurso ao olho clínico e de lince que a nossa personalidade nos incentiva a usar. Se mal gerido, acabaremos dissipando uma carga emocional permutando-a por outra não menos problemática, que pode muito bem vir a constituir fonte de uma crise amanhã. Já diz, por isso, o ditado: de bolha emocional em bolha emocional enche o infeliz o papo.

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