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Sobre o navegar nas correntes de ar criadas pelas portas e janelas que se sucedem na vida

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Wind - Floria

Na ideia de que "ao fecho de uma porta corresponde a abertura de uma janela (ou de uma outra porta)" há algo de muito subtil que merece ser averbado para uma completa apreensão do que este dizer pode ensinar. Uma porta  aberta não só é o símbolo universal de uma passagem (que define um fora e um dentro, um partir e um chegar), como é tipicamente uma fonte de perturbação na forma de correntes de ar, de aragem, de ar fresco que permite circular. Tais fluxos de ar estão umbilicalmente ligados ao fora e dentro permitidos pelas portas, acompanhando pois qualquer abertura ou fecho de janelas e portas na vida.

Assim, lanço quatro metáforas a este respeito:

1) Se por um lado, os fluxos de vida (idênticos a fluxos de ar) podem causar constipações aos que inadvertida ou negligentemente se colocam em pontos onde a trajectória da aragem se faz sentir, perceber a existência dessa corrente é encontrar um mapa capaz de guiar o indivíduo no trânsito dos processos que esteja a viver.

2) Aqueles que insistem em ficar parados na corrente da vida aumentam as chances de se constipar (arranjar problemas) e sentir-se-ão tentados a praguejar contra a própria corrente, frustrados por não conseguirem tirar um partido positivo da mesma. Ela, que sussurra tão só a inevitabilidade de nos movermos.

3) Aqueles que muito procuram a portas por onde entrar e sair e que o fazem apenas com base no que conseguem ver (ou antever) podem demorar muito mais tempo (ou mesmo nunca conseguir) a encontrá-las do que aqueles que compreendem a informação contida na corrente de vida e a seguem mesmo sem ver. Um rio sempre chega à sua foz.

4) procurar sem critério novas janelas ou portas à revelia daqueles que são os fluxos naturais de vida pode fazer com que um indivíduo se dirija a uma entrada com o objectivo de encontrar uma saída ou vice-versa. Enganar a vida é impossível: a Natureza é soberana. O karma não perdoa a repor o que tem de reposto.

Muita da aprendizagem pragmática que temos de fazer na vida consiste ir muito mais além do que saber que existem sempre novas portas e janelas. Há que aproveitar a aragem por elas criada, colocando as velas da nossa existência de feição a que tudo connosco passe a acontecer como produto da naturalidade. Em termos de filosofia de vida, não há nada mais ecológico do que isto.

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