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Sobre o mistério da temporalidade dos castigos

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A nossa noção do peso da temporalidade é misteriosa. Na vertente penal, esticamos a duração da clausura física dos condenados até esbarrar no limite imposto pela própria duração da vida da pessoa. E se um castigo perpétuo pareceria o limite máximo de culpabilização de alguém, esquecemos que existe algo ainda mais grave em termos de decisão mas incomensuravelmente mais curto em termos de duração: a pena morte, que reduz a meros minutos um castigo que se diz ter o peso maior do que o castigo perpétuo.

Mais do que discutir sistemas de justiça, ressalvo o modo como esticamos o tempo até tal movimento deixar de fazer sentido, para depois encurtá-lo num ponto único de duração quase instantânea que situa para lá da perpetuidade.

Talvez não nos apercebamos, mas também na educação dos filhos, ou mesmo na educação que os adultos recebem da própria vida, os castigos/provas jogam-se em temporalidades diferentes, oscilando entre o tendencialmente perpétuo e o intensamente instântaneo. O peso e intensidade de um castigo (na vida) está umbilicalmente ligado à sua duração, ou à duração das suas consequências. Pensemos nisto.

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