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Sobre uma mensagem para o novo ano de 2016, tendo como mote o enredo do filme "Círculo"

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Por vicissitudes do destino, calhou de ver o filme "Círculo" no limiar da transição do ano 2015 para 2016. Simplista nos modos, a obra é toda ela de um ubíquo dilema moral centrado na forma de um jogo de sobrevivência envolvendo um grupo de pessoas aparentemente escolhidas ao acaso. A regra do jogo é simples: a cada ronda pelo menos um cidadão tem de abandonar o grupo, pagando com a sua vida. A subtileza da história é que todos podem e devem votar no cidadão que deve sair, sob pena da exclusão ser aleatória.

Quando sujeito a esquemas que atentam contra a própria vida, o homem adquire um funcionamento que extravasa as convenções morais, sociais, democrátivas, e torna-se brutalmente parcial, emergindo nele um sentido refinado de sobrevivência que tolda o pensamento e as emoções em torno da autopreservação, e que o faz não olhar a meios para assegurar tal objectivo.

Na história vários são os perfis de pessoas que jogam pela sobrevivência o militar, o padre, o deficiente, o casal, a criança, a lésbica, o banqueiro, e inclusivamente um senhor que é apenas passivo e rejeita escolher quem deve abandonar o jogo. À medida que o grupo vai encurtando, novos líderes vão emergindo e novas lógicas de exclusão vão sendo propostas: desde a racial, à da opção sexual, passando por um critério de utilidade para a sociedade, e ainda pela criação de fações "políticas" coordenadas.

Dado o momento do ano em que o visionei, o filme sugere reflexão. De fato, o tumulto vivivo entre cidadãos é tanto maior quando mais estes aceitarem viver em sistemas sociais como o do "Círculo", em que se assume que o sucesso individual passa pela derrota dos demais, e em que as mentes e as emoções ficam reféns dessa mecânica. A pergunta que fica é se o mundo tem mesmo de ser assim, e se estamos condenados ou não a darmo-nos com os outros nesta base de funcionamento. Tentar desconstruir este modelo é meio caminho andado para conseguir que as pessoas sejam resgatadas das suas rotinas de hamster, passem a desfrutar a vida (exemplo: realizando-se profissionalmente) e extaiam de si mesmas todo o potencial que aguarda oportunidade para se manifestar.

Votos de um ano profícuo.

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