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Sobre viver o dia de hoje como se fosse o último versus vivê-lo como se fosse o primeiro do resto da vida

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Lucia Koch - Lightbulb (2004)

De tempos a tempos, avivam-se na vida de cada um de nós máximas e exortações a que se viva o presente com pompa e circunstância, tendo-se instalado a perspectiva de que faz particular sentido viver a vida com uma objetividade e frontalidade condizentes com a chance de ser o último dia da nossa vida. Trata-se de um encorajamento forte a "fazer o que ainda não foi feito", que nos impele a esbater a sensação de risco (potenciais entraves) e que por isso não temos nada a perder do que fazer essas tarefas. 

Sejamos francos: será mesmo necessário fingir que cada dia é o último para que possamos entregar-nos à vida e aos seus afazeres com a conta, peso e medida que merecem? Estou em crer que não, e creio que Sérgio Godinho, na letra de "O Primeiro Dia", propõe uma sábia alternativa a esse paradigma:

E vem-nos à memória uma frase batida
Hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

Viver cada dia como se fosse o último não pode ser mais valioso do que viver cada dia como se fosse o primeiro, o primeiro do resto. Quantos primeiros dias do resto das suas vidas não são verdadeiramente levados a viver os que são surprendidos na vida por uma perda de emprego, pelo falecimento de um familiar, pela falência económica, ou então pelos que acordam após escapar a um problema de saúde, após terminarem um curso superior, ou após terem visto os seus filhos sair de cada por estarem adultos e autónomos?

Aquele que sente o pulso ao resto da sua vida, percebe as oportunidades para viver uma vida que valha a pena, porque recebe no seu coração e na sua mente uma sensação de página em branco que nos convoca para escrever (vivendo) a hitória que quisermos. Mais do que de intensidade, precisamos de esperança.

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