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Sobre a qualidade percepcionada de algo enquanto bastante para justificar o valor que encerra para nós ***

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Brancusi - Liliana  Porter (2008)


Numa mesma semana, duas histórias diferentes mas iguais no essencial: a de um suposto falsificador genial, que terá andado a vender arte falsa de tão elevada qualidade que quase ninguém de direito deu por ela; e a de uma escritora italiana que se se celebrizou a ficcionar em torno da história da cidade de Nápoles, e que viu a sua identidade tornada pública (após anos de anonimato), revelando-se bastante diferente do que os seus escritos sugeriam.

As duas histórias partilham detalhes idênticos (ninguém deu pela "fraude" ao consumir as respetivas obras até um determinado dia D) mas também aspectos antagónicos: num caso é a obra que é falsa (pintor), no outro é o autor que é falso (escritora). Tratam-se portanto de variações em torno do dilema ovo vs. galinha, porque aparentemente o ovo (que uma galinha produziu) chegou ao mercado, como agora se diz, e foi por ele bem apreciado. Se o ovo é real e valeu para o mercado, em que medida a galinha (que afinal ninguém conhece) é necessária na história? Por outras palavras, como pode o quadro de um falsificar genial ser pior que o de um criador genial, se ninguém de direito deu pela diferença? Ou então, como pode um livro escrito por alguém variar na qualidade percepcionada mediante saber-se que a escritora é napolitana ou romana? 

Quando as coisas nos fazem sentido à consciência, elas bastam-se a si próprias, não sendo necessário nada mais do para as validar ou tornar verdadeiras.

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