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Sobre a eleição de Trump, o fascínio americano por super-heróis, e o vício da inovação disruptiva para se sobreviver na mó de cima

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Building Canyon - Donald Sultan (1981)


Dou comigo a pensar que um norte-americano é alguém tão moldado pelo cinema, que lhe é mais complexo discernir entre o que é do domínio do espectáculo, daquilo que é do domínio da realidade. Vivem, digamos, uma realidade cinematográfica, pautada pelos valores e possibilidades que os argumentistas os habituaram ao longo de décadas de filmes e séries.

No cinema norte-americano das massas (essa entidade comparável ao que um comunista chama simplesmente de "povo", e da qual a democracia depende para fazer eleger os seus mais-que-tudo presidentes), nesse cinema, dizia, o poder da sensação (emocional) cilindra totalmente o poder da razoabilidade (pensamento). Por este motivo, o super-herói norte-americano é um ser descarado, viril, que reforça a sua identidade na capacidade de ganhar contra tudo e todos. E quem pensar que um ser pacato, sábio e ético tem espaço (qual senador romano dos tempos clássicos ) esqueça: tais figuras não provocam blockbusters políticos, e como tal estão condenadas a periclitar.

Para além disso, a eleição de Trump tem tudo a ver com o evento Web Summit que, em Lisboa, junta neste exato momento empreendedores e investidores de todo mundo em torno de inovação, tendências, futuro. Se não veja-se como, com uma simples adaptação de um trecho sobre inovação de empresas, lido recentemente, se deixa esta eleição americana completamente explicada:

"Exploitation essentially involves leveraging what the [Country] already knows. [Countries] need to produce a steady stream of incremental product and process innovations that effectively  “ do what they do better.”   This is often a good thing, but the innovation that results is not that far from what is already being done.  In increasingly competitive and fast changing environments [Countries] also need to “  do something different. ”  They have to find radical product or process innovations rather than imitations and variants of what they and other competitors are already offering.  Exploration  is necessary to find less familiar knowledge that will support big departures from the status quo."


 * * *

Alternativamente, Bruce Springsteen simplifica a explicação na música Wrecking Ball:





"I was raised out of steel here in the swamps of Jersey, some misty years ago

Through the mud and the beer, and the blood and the cheers, I've seen champions come and go
So if you got the guts mister, yeah if you've got the balls
If you think it's your time, then step to the line, and bring on your wrecking ball


Bring on your wrecking ball
Bring on your wrecking ball
Come on and take your best shot, let me see what you've got
Bring on your wrecking ball"

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