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Sobre o balanço entre o esforço de (re)organização e o esforço de conviver com um mundo desorganizado, ornado por Primary Play (Power Boothe)

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Primary Play - Power Boothe (2015)

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A braços no último mês com uma intensa e arrebatadora atividade de formatação e organização de textos diferentemente produzidos por centenas de pessoas apesar de terem todas elas recebido as mesmas instruções iniciais, sensibilizei-me com reforçado ânimo para a importância de se assegurar harmonia no mundo. Embora não costumemos ver assim as profissões, várias delas são específicamente centradas na organização, asseio, triagem, manutenção da ordem, enfim vocacionadas para o assegurar e responder à necessidade de tranquilizar e estabilizar a alma e a disposição emocional das comunidades envolvidas.

Porém, há um desgaste associado ao esforço de organizar as coisas, desde logo porque o mesmo não produz um prazer imediato que nos faça querer fazê-lo por ócio. Para além disso, sedentos como estamos da aparência de novidade, a organização das coisas é um processo de revisita e, como tal, nada aliciante para os mais sequiosos da sensação de novidade. Porém, vendo as coisas do outro lado da barricada, há um esforço (crescente) associado a ter de se conviver com a desorganização (crescente). A pessoa que caminha pelo mundo sem o organizar corre o risco de começar a sentir a passada mais lenta e custosa, enredando-se inesperadamente em pontas soltas e desarrumadas que lhe causam perdas de tempo, confusões, conflitos, etc. Podem surgem na forma de ideias, objetos, memórias, compromissos, emoções, sonhos.

Dito isto, a organização da vida, seja limpeza do espaço físico, formatação de documentos segundo um formato padrão (o meu caso no último mês), ou mesmo a arrumação mental das ideias é uma tarefa que pese embora o que custa, acaba por compensar. Para a fazer há que encarar o que está desalinhado e sujo e investir no reposicionamento criterioso desse elemento. A repetição desta atividade trará um cumulativo de paz interior. Talvez por isto os japoneses tenham inscrito na sua cultura rotinas diárias de limpeza de casa, espaço público ou local de trabalho.

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