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Sobre o traço personalístico português do culto sádico em torno de fazer rolar cabeças alheias (e o exemplo do desporto)

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Untitled - Mzwandile Buthelezi (2018)

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Um outro traço personalístico da nacionalidade portuguesa é o culto discursivo sádico em torno de fazer rolar cabeças alheias, resultante da armadilha de canalizar a intensidade com que se sente desaires ou injustiças para extremismos de opinião que desaguam nessas motivações. Encontro no desporto o escancarado exemplo disto, sobretudo porque que a nossa particular forma de estar lusa pode ser, neste mesmo domínio, contrastada com realidades não latinas a decorrer em paralelo.

Um grande clube de futebol normalmente é um centro de várias modalidades, pelo que quando uma destas passa menos bem há sempre como compensar relevando outras. Nisto os clubes fornecem aos amantes do desporto e da competição desportiva válvulas de escape à tensão e desânimo que o infortúnio numa só modalidade possa causar. Mas nem isso impede os fãs de mostrar lenços brancos, assobiar durante os encontros (em claro prejuízo da equipa que dizem prezar) e de vaiar os atletas à saída dos recintos.

Acharão porventura que fazê-lo é da maior justiça, mas eu pergunto: quem acharia justo ser vaiado e despedido do seu emprego à mínima sucessão de desaires? Ninguém! Mais vos digo, a rapidez com se pedem e querem ver cabeças alheias a rolar costuma ter mais a ver com egos próprios e sua satisfação, do que amor ou consideração por uma causa. Isto vale para o desporto, para a política, ou para qualquer núcleo profisisonal. Por isso, quando vejo almas exaltadas a pedir despedimentos, penso que a tristeza do fado que coroa a portugalidade é nalguns fóruns hipotecada pelo triste enfado da expiação sádica. Os meus lenços brancos para essa modalidade existencial.

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