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Sobre os espirros emocionais, e a expulsão do que se sente à custa de um estímulo gatilho

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White Flag - Liliana Porter (2018)

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Tendemos a persistir extremamente ignorantes quanto às emoções humanas e aos mecanismos pelos quais se regulam, nomeadamente a sua sazonalidade, as órbitas que com fazem as suas rotações e translações no contexto de um dia ou ano de vida.

Afigura-se-me tentador equivaler o surgimento de emoções nas pessoas com a imprevisilibidade (ou não) com que os espirros ocorrem entre nós. Estes tipicamente decorrem do binómio ambiente-pessoa, do qual nem sempre se está consciente, ou da dinâmica pessoa-pessoa, numa corrente contagiosa que assola em cadeia. 

Em casa, no trabalho, a caminho de qualquer sítio, numa rede social, através do correio, música ou outro conteúdo gráfico, as correntes e linhas passíveis de transmissão emocional são abundantes e naturais face às rotinas. São como os fios eléctricos ou as redes sem fios, que permitem um ubiquidade de sinal da qual até nos esquecemos que coexiste por onde circulamos.

Pelo meio ficam espirros emocionais inesperados, de consequências variáveis, assomos de fúria, tristeza, júbilo ou motivação, acoplados a incessantes cadeias de transmissão sequencial dos mesmos, também eles com consequências imprevisíveis. Recomendam-se ligações à terra, que nos salvem do curto-circuito ou do colapso sensitivo, mas em matéria deste tipo de energia somos ainda frágeis e artesanais, logo permeáveis, sofredores e subalternos às forças da corrente que circulam em nosso redor. Emocionalmente somos praticamente tão vulneráveis como no dia em que viemos ao  mundo pela primeira vez. É uma questão de tempo (e espirros) até percebê-lo.

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