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Sobre os bloqueios à legalização de medicinas alternativas, e a estranha efeméride de se querer travar abordagens disruptivas porque baseadas em conhecimento ancestral

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Accessing my own status - Anca Danila (2015)

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Vivemos uma época de grande fé na inovação empresarial, em que qualquer pequeno projeto ou ideia que demonstre perspetivas de futuro minimamente encorajadoras e que auspicie um potencial de retorno económico interessante consegue alcançar com relativa facilidade votos de confiança para se estabelecer e procurar demonstrar e materializar esse potencial. Tal como não poderia deixar de ser, este tipo de iniciativa tem os olhos postos no futuro e beneficia da panóplia de tecnologias e conhecimentos que à data se possui. Aproveita-se também da existência de investidores e dinheiro para ser investido, e de se compreender que as boas oportunidades devem ser aproveitadas.

Se isto faz sentido na sociedade para uma miríade de produtos e serviços, custa-me perceber porque motivo não se permite que as medicinas alternativas façam o seu caminho de demonstração do potencial que em vários casos sinalizam ter. A ideia de se barrar à cabeça algo que a sociedade quer que exista e está disposta a financiar (clientes) mas que a política ainda não conseguiu sequer legalizar em Portugal é em si mesma estranha. O que seria da medicina convencional sem a legalização da formação, sem a acreditação de locais para investigar ou exercer, e sem a construção de um parque instrumental e de múltiplas teorias e contrateorias feitas à medida dos fenómenos que se pretende testar, medir, e validar? Sem ordem sobra o caos, e nunca haverá rigor e segurança no caos.

Não está em causa de que haja controvérsia e entendimentos contrários, ou que não haja abordagens alternativas fraudulentas. Está em causa o direito de minorias na saúde, de projetos fora do main stream clínico que possam encontrar o seu caminho de financiamento e de desenvolvimento para vir a prazo comprovar (ou não) o seu potencial. Centrar a discussão na charlatanice é prematuro, sobretudo quando o mesmo método científico que é invocado para atacar as medicinas alternativas já foi usado com sucesso por algumas especialidades destas para demonstrar que o potencial existe mesmo para o quem o quiser explorar e potenciar. Custa-me pois assistir à clubite que reina no domínio da saúde, com o poder instalado a querer barrar o mercado àqueles dispostos a trilhar um caminho distinto do estabelecido: disruptivo. Não é isso que se procura no universo do empreendedorismo?

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