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Sobre a insolente indignidade de todos os que se escondem em pessoas coletivas para fintar as responsabilidades individuais

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The False Mirror (Le Faux Miroir) - Rene Magritte (1928)


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Esconder-se atrás de uma fundação, de uma indústria, banco ou instituição representa prontamente uma quebra com a aura de civilidade superior que se espera de alguém agraciado com um comenda portuguesa, ou que, não o tendo sido, quer ser respeitado e considerado pelos concidadãos. Ter uma vida pessoal desafogada devido à ardilosa e deliberada multiplicação da identidade pessoal em termos legais que previnem que os danos e prejuízos alcancem o indivíduo enquanto ao mesmo tempo lhe continuam a permitir o benefício dos lucros e regalias da riqueza, é desonesto. Como tal, tais pessoas são indignas do país que as acolhe.

As pessoas coletivas não têm consciência, e portanto nunca sentirão qualquer peso de consciência. Como a ética e a moral só incidem sobre seres conscientes, indústrias, bancos, fundações ou instituições nunca poderão corrigir os seus próprios erros voluntariamente. E o problema societal estrutural nas elites é que homens poderosos conseguem diluir a consciência que lhes é devida individualmente através dos biombos que são os cargos e pedestais que ocupam. Determinadas condutas de displicência e desapego aos valores fundamentais da humanidade são aparentemente toleráveis no anonimato do seus gabinetes e círculos privados, mas nunca o serão quando por algum motivo conhecem a praça pública e passam a ser do conhecimento de milhões de pessoas que no seu dia-a-dia não se podem esconder ética e moralmente das suas obrigações de homens e mulheres.

Por tudo isto, custa muito a encaixar que banqueiros, dirigentes políticos, comendadores, e/ou quaisquer ricalhaços e privilegiados possam rir e parodiar do país incessantemente. Tenho dúvidas se o fazem porque já não conseguem voltar a ter consciência (e a quota parte de peso nesta) ou se simplesmente não aceitam ser o bode expiatório e infelizes contemplados da punição exemplar que a população, uma vez descobrindo-lhes os podres, lhes pretende aplicar individualmente como se de uma culpa coletiva se tratasse. É o reverso da moeda, o boomerang a voltar, ou a roda do karma a funcionar.

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