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Sobre os filmes 'O Fundador' e 'A Rede Social', o cinema baseado em blockbusters empresariais norte-americanos, e impérios feridos de grandes princípios morais

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O Fundador (sobre a origem da cadeia McDonald's) e A Rede Social (sobre a origem da rede social Facebook) marcam um tipo de cinema alicerçado em argumentos fáceis de convencer porque atados à curiosidade voyerista em torno de blockbusters empresariais norte-americanos, quer na área tecnológica como alimentar. Há qualquer coisa de quintessencial no espírito daqueles que fundam o que o tempo vem a comprovar ser avassalador, disruptivo, fundacional de novos mundos e possibilidades no estar, pensar e agir. Empresas e seus serviços não são exceção.

Porém, umbilicalmente ligada à promoção das pessoas que alavancaram (intelectual e/ou fisicamente) tais projetos, existe também o inevitável lado negro que contribui para a despromoção das mesmas. Se o custo de alavancar um império no setor alimentar ou digital passa por quebrar a confiança de parceiros que originalmente estavam vinculados ao projeto na fase mais incerta do mesmo, então os méritos desses fundadores estarão para sempre manchados por essas facadas. Mais, a vontade de expandir e escalar os negócios traz consigo a maximização dos riscos éticos que tal generalização e intensificação acarretam para a sociedade. Como não assacar aos fundadores uma quota de responsabilidade pelas consequências civilizacionais do sucesso dos seus conceitos? Pensemos nos danos colaterais que tiveram para a saúde alimentar e da saúde psicológica dos seus clientes/usuários.

É estranho como entre ter sucesso e não ter possa existir uma diferença personalística, postura e de valores tão grande. As pessoas corrompem-se pelas suas próprias expetativas, e acabam em tribunal a esgrimir argumentos para branquear quebras no que deveria ser um património inatacável: a honra e dignidade pessoais. Estas histórias mostram que alguns grandes impérios estão feridos de grandes princípios morais, e que a cabeça das pessoas não consegue por sistema prever as consequências da sua ganância e vontade de triunfo estratosférico. Sempre que aceleramos as coisas, perdemos capacidade de as compreender na sua plenitude, e isso deveria merecer às empreitadas humanas uma condução defensiva, de carácter preventivo, que parece inexistir quando o mote é expandir, conquistar, dominar e receber aplausos e carradas de dinheiro pelo feito.

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