Revolutionary Road (direção Sam Mendes) é um filme belo mas complexo, que retrata o drama familiar de um jovem casal com filhos no Connecticut dos anos 50, Frank Wheeler (Leonardo Di Crapio) e April Wheeler (Kate Winslet). Visionado no séc. XXI, a história é extremamente bem-vinda como ponto de partida para um debate alargado sobre o que é a felicidade, os prós e contras dos caminhos para a alcançar, e os percalços que sempre podem surgir.
Traição, parentalidade, empregabilidade, socialização, gestão familiar. Todos estes temas são abordados simultaneamente pelo filme, e a complexidade deste resulta do modo como se cruzam e interligam incessantemente na história. Frank trai fortuitamente April, April trai fortuitamente Frank. April desafia Frank a reinventar a vida em Paris, e Frank vê-se surpreendido com a oportunidade de ascender na empresa quando estava já de saída. April convida para sua casa gente que lhe vem depois desestabilizar a vida com a sua sinceridade desapegada. April decide abortar de um terceiro filho numa altura em que a relação está muito fragilizada com os acontecimentos, e ao fazê-lo acaba por falecer também. Frank fica só, muda de casa, e cria os filhos por si.
Acredito que este filme consegue ser bastante completo, visto que cobre uma miríade de problemáticas que podem abalar o equilíbrio de um casal. Acresce que, ao retratar a vida como ela era nos anos 50, a história mostra como há dilemas humanos com carácter intemporal, e que os usos e costumes de cada época não os impedem de se continuar a repetir.
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