The Forge (Swords into Plowshares) - Bo Bartlett (2008)
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Só posso saudar a diversificação do parlamento português nas eleições legislativas de 2019. É impossível um país tão diverso, tão rico em nuances culturais e matrizes de conduta e pensamento ser bem representado por forças partidárias ideologicamente estagnadas há mais de 40 anos. A inovação que se quer na economia e indústria também é bem-vinda na política, sob pena de a abstenção continuar a ser a grande vencedora das eleições no futuro. Estamos no limiar de ter mais cidadãos a não comparecer às urnas do que aqueles que comparecem, e o surgimento de novas forças políticas com assento parlamentar constitui porventura um bálsamo de esperança no combate à indiferença pelo direito ao voto.
Por outro lado, a democracia e o parlamento não existem para forças absolutas, antes para fatias de pensamento e visão de mundo complementares ou alternativas, que possam negociar, comparar e contrastar-se a fim de esculpir soluções polidas e melhoradas para o país. A inédita diversificação do parlamento é também um sinal de que a negociação, os pactos, a necessidade de ouvir e atender ao outro irão prevalecer a ímpetos centralizadores e ditatoriais de reinar sem escuta ativa e fazendo tábua rasa dos opositores.
Por último, referir também que o alargamento das extremidades de visão política à esquerdas e direita só pode auspiciar uma maior saúde a um parlamento que demasiadas vezes é refém de um posicionamento insalubre ao centro, sobretudo quando o que urge fazer é de carácter inovador. Um parlamento de diálogo alargado, de ponta a ponta, é a solução que melhor serve os objetivos da democracia portuguesa, e o que melhor reflete as variantes de mundividência passíveis de encontrar neste país à beira-mal plantado. Bem-vindo novo parlamento.
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