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Sobre os anos não serem todos iguais, tal como não serem totalmente diferentes, e as várias bênçãos que damos silenciosamente por garantidas

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Composition - Victor Vasarely (1975)

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Os anos não são todos iguais, mas também não são todos completamente diferentes. Há-os em que se verificam sobretudo continuidades e há-os em que se operam transições. Um ano não é melhor nem pior pela sua maior condição de continuidade ou de transição, pois cada ano é uma dádiva, uma oportunidade de testemunhar inúmeras coisas, nossas e dos outros, e de crescer com esse processo rumo a uma mais sábia e feliz forma de estar. Um ano somos nós, são os outros, somos nós com os outros, mas também os outros sem o nós. Defensivamente, tentatamos relativizar o que de mal ou desfavorável acontece, ou então sobrevalorizamo-lo e alimentamo-lo, mas a verdade é que o sofrimento é um motor de aprofundamento da consciência, um bálsamo contra a indiferença e apatia. Por outro lado, a alegria e o prazer são formas alternativas que criam conforto e confiança, desempatando também a vida. E no fim de contas, um ano é um período longo o suficiente para permitir provar e alternar acontecimentos bons e coisas maus

Vivemos num canto do mundo onde a paz e o suprimento básico (e menos básico) de necessidades é privilegiado, e esse mesmo motivo permitimo-nos esquecer da bênção que é poder passar todo um ano sem presenciar a guerra e o caos absoluto; sem vestir a camisola de refugiados à procura de asilo num barco precário; sem epidemias e fome a subtrair-nos aqueles que mais gostamos; beneficiando ao invés de tempo livre para entretenimento e lazer; rodeados por abundantes recursos dados tais como boa comida em quantidades excedentárias, cuidados de saúde a poucos minutos de casa, ou dinheiro suficiente para ir comprando e desfrutando de objetos e serviços que nos apraz experienciar.

O mesmo se pode dizer da bênção de conviver com pessoas amigas e familiares que nos acompanharam durante mais um ano (fisicamente ou em pensamento) e que estiveram presentes nos momentos importantes que foram acontecendo. Damos estas pessoas como garantidas nas nossas vidas mas não o são, motivo pelo qual nunca é demais agradecer a sua presença, a sua consideração e os seus sorrisos. Tal como não é demais desejar-lhes que continuem a ser forças vivas, e que o destino lhes possa sorrir naqueles que são os seus desafios e ambições.

A todos os amigos e familiares, obrigado pelo ano que proporcionaram, e voltaremos a encontrar-nos no novo ano que entretanto chega, para dar continuidade ao que de melhor este ano produziu, e para aprimorar e inovar naquilo que o ano mais possa ter deixado a desejar.

Bem hajam!

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