Spirale - Alexander Calder (1969)
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Rouba quem está em condições de roubar e, estando-o, não consegue manter-se casto. A história recentes das nações africanas irá mostrar que os tiranos, colonizadores e usurpadores de recursos não têm cor, nacionalidade ou ideologia política. É recorrente e incontornável ao falar da história dessas terras aludir à lastimável herança do saque feito por nações europeias imperialistas. Esse saque, porém, implicou nações ganharem com recursos alheios, e não saques onde cidadãos bem posicionados dessa mesma nação fazem fortuna com recursos nacionais.
É oportuno também recordar a sabedoria popular na sua asserção de que a "ocasião faz o ladrão", mas também contrastar tal naco de sapiência com um outro que muito agradeço que continue a revelar-se certeiro, a de que "a verdade é como o azeite, vem sempre ao de cima". O mundo de hoje é extremamente pródigo e aliciante em ocasiões para ladrões, mas encontra na realidade penal, estatal e jornalística cada vez mais coordenação, capacidade e vontade de denunciar e investigar - quando não misturadas - tais fraudes.
Saúdo portanto os recentes desenvolvimentos que chegam sobre figuras de topo em Angola, não só porque repõem uma verdade importante, a de o saque aos países tão se dá por nações imperialistas como se dá por concidadãos desonestos e privilegiados, mas também pelo extraordinário mecanismo em cadeia com que uma fortuna e o poder conseguem ser neutralizados e diluir-se rapidamente por salvaguardas legais, estatais e mediáticas. Antecipo que este tipo de fraudes compensará cada vez mais apenas no curto prazo, e levará a que o consequente tombo financeiro e mediático consiga ser majestosamente proporcional à magnitude do saque feito.
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