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Sobre o livro 'Numa casca de noz' (Ian McEwan), e a tremenda originalidade de narrar uma história de crime na perspetiva de um feto consciente

Large Nutshell #1 - John-Paul Philippe (2021)

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Numa Casca de Noz, do britânico Ian McEwan é um livro singular assenta na ideia criativa e poderosa que é narrar uma história na perspetiva de um feto que se encontra consciente na barriga da sua mãe. Este feto é dotado de cognição como se de um adulto se tratasse e este detalhe é crucial para permitir ao narrador (o feto) tecer considerações sofisticadas, deduzir coisas que ouve mas não vê, e especular outras combinando informações que vai colecionando.

Muitas coisas mudam de figura pelo facto de o narrador ter uma ligação umbilical - literalmente- da qual depende a sua vida, desde logo porque exibe uma parcialidade e redobrada benevolência nas análises que faz ao comportamento e decisões da mãe, sobretudo nas suas falhas. Como depende dela, evita colidir e criticá-la nas suas análises.

Depois o pai, que nesta história é vítima de um crime premeditado. O pai é decifrado com mais dificuldade, porque o pai está fora da influência umbilical permanente, e portanto escapa sobre muito mais informação. O feto não testemunha toda s vivência do pai.

Tendo sido sido a minha leitura de estreia com este autor, fica água na boca para provar mais da sua torrente criativa, pois esta história é manifestamente apelativa porque de singular elaboração.

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