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Sobre o conceito de segurança indivisível entre nações aplicado a tendências personalísticas para viver de conflitos interpessoais

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Circles in the Square - Andy Burgess (2020)

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O conceito da segurança indivisível, que consta da Carta de Helsínquia assinada por 35 países em 1975, traça um entendimento coletivo sobre o que é o saber estar entre nações. Nela vamos encontrar a ideia de que a segurança de um país não pode ser assegurada à custa da insegurança de outro país. Se para a avaliação da legitimidade ou inevitabilidade de guerras como a da Rússia-Ucrânia este ponto da carta possibilita um posicionamento convicto sobre onde está o bem e o mal, a mim apraz-me estender também este princípio à esfera da cidadania ou da vida profissional.

As pessoas nem sempre estão conscientes de como as suas personalidades pedem guerra com elementos externos para que um sentimento de normalidade e de motivação interior possa existir. A necessidade de expiação das angústias, inseguranças ou ruminações interiores junto de uma figura externa parece-me ser o equivalente à violação do referido princípio da segurança indivisível. É que ninguém deve infernizar gratuitamente a vida de outrem para que só assim se sinta em paz consigo próprio.

E porque o fazem as pessoas? Em primeiro lugar porque são reféns de personalidades pouco moldadas no sentido da moderação e equilíbrio. Em segundo lugar porque vivem num ecossistema psico-cultural em que a exacerbação do caráter no sentido de se afirmar pelo conflito com externos é o caminho que se habituaram a seguir para sentir auto-estima e orgulho próprio. Em terceiro, porque é uma estratégia que leva à vitimização, e permite evitar tratar de questões internas a troco de concentrar o foco na elaboração de ameaças exteriores que ocultem o trabalho de casa personalístico que tarda em ser feito.


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