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Sobre o filme 'O pai tirano' (1941), e a intemporalidade de bem fazer rir e entreter um ser humano através de uma caricata história de amor

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 'O Pai Tirano' (de 1941, realizado por António Lopes Ribeiro) era, à data do seu visionamento pelo autor deste texto, um filme com 82 anos. Não é costume em tempos tão férteis em conteúdos conseguir apreciar como novo algo tão longevo e desse ato concluir que a idade pouco conta para o mistério de bem fazer rir e entreter um ser humano. Enquanto comédia que é, o filme brinca com expressões idiomáticas portuguesas, forçando-lhes literalidade cénica, e apela a um período histórico lisboeta engraçado em que a falta de outras distrações fazia da agremiação de pessoas em atividades culturais como o teatro amador um canal de socialização e fruição interpessoal.

As duas grandes tensões da história comediadas em o  'O Pai Tirano'  são o amor de Francisco (interpretado por Francisco Ribeiro) por Tatão (pela mão de Leonor Maia) viabilizado pelo maestro de cerimónias Mestre Santana (por Vasco Santana); e, num plano mais etéreo, a antecipada luta perdida entre os méritos do teatro se contraposta às seduções e aparato do cinema. O busílis e âmago da história é que Tatão cede finalmente a Francisco emparelhada a uma cedência ao teatro em detrimento do que julgava ser uma preferência pelo cinema. O seu outro pretendente era de resto uma figura bem mais cinematográfica que Francisco.

Contactar com este filme depois de tanta tinta ter já corrido sobre os destinos e préstimos do cinema português permite recuperar o que pode ser considerado uma essência cinematográfica que deve inspirar e não ser esquecida. Há formas simples e comprovadas de assegurar que um filme é uma obra de arte sem que para esse efeito se tenha de sacrificar a popularidade e alcance fora das elites culturais.

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