Strategic Step / Paso estrategico - Máximo González (2015)
A gestão que se faz do trabalho joga-se mais, em variadíssimos contextos, pela questão de gerir a memória sobre o próprio trabalho: aquilo que é feito, que não é feito mas devia sê-lo, que se terá de vir a fazer algures no tempo, que se vai deixar de fazer porque perdeu relevância, que se quer fazer, que não se quer fazer. Pode soar estranho mas como muitas das tarefas de trabalho encaixam numa rotina onde as competências de quem o exerce fazem com que o grau de desafio por tarefa não seja o aspeto limitante da execução, aquilo que acaba por determinar a dinâmica do trabalho é sobretudo a gestão das cargas de trabalho, a coordenação de tarefas e módulos de tarefas, o iniciar, conduzir e fechar projetos.
Nas estratégias de priorização, de FIFO e LILO, tal como nas estratégias de antecipação ou postecipação de passagem de testemunho do trabalho para outros elementos da equipa, em muito há a noção de consciência do que se tem a ganhar ou perder em adiantar ou atrasar a memória sobre um dado elemento de trabalho, seja porque nos interessa não falar dele e assim não o trazer para a ordem do dia, seja porque nos é conveniente o contrário, e notificamos voluntariamente os outros a seu respeito e com isso suscitamos a sua consideração por todos os envolvidos.
A avaliação de desempenho é de resto um exercício de registo (memória) sobre o trabalho feito, que visa evitar que, por distração acidental ou induzida, se consinta uma espécie de amnésia quanto ao trabalho realizado por um trabalhador. Tal situação pode ser do interesse do trabalhador (que assim se defende do trabalho que não fez e deveria fazer) ou do empregador (que pode fingir desconhecer o bom trabalho que o seu colaborador realizou). Em qualquer das formas, o trabalho prende-se muito com o tema da memória, sobretudo da memória coletiva.
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