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Sobre a histeria a respeito do aquecimento global, e a falta de histeria a respeito de sermos 8 mil milhões de humanos no planeta

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Sydney 3 - Spencer Tunick (2010)


Se não somos ainda capazes de prever cabalmente a meteorologia a sete ou quinze dias, não creio que estejamos em condições de prever com confiança o que vai acontecer em matéria de aquecimento global. Temos seguramente evidências de que a temperatura está a aumentar, e temos estudos a dizer que é devido à ação humana. 

Sabemos que a ação humana é proporcional às tecnologias que usamos e hábitos que temos, mas é também proporcional à intensidade com que recorremos ou dependemos dessas tecnologias e à frequência desses hábitos. Não só à intensidade e frequência individual, mas também à intensidade e frequência coletiva. Por coletiva entenda-se o número de pessoas que habitam o planeta.

Este planeta expandiu a população mundial para 8 mil milhões de habitantes e não foi pela falta de comida que rebentou pelas costuras (bem haja processo Haber-Bosch). Falta saber se será pelo dióxido de carbono (e demais gases de estufa) que sobreaquecem o planeta.

O desassossego que devemos ter e que vale mesmo a pena procurar ter é o de querer saber imparcialmente o que vai acontecer, não de vaticinar o que vai acontecer, porque não há certezas.  Temos assistido a histerias em nome do clima que mostram que também hoje se vive um assombro profético fatalista de pouca base de sustentação.

A montante de tudo isto paira a questão sobre se o problema não é, tão só, os tantos humanos a respirar e fazer coisas pela vida fora. Como se resolve isto? Nada fazemos para impedir que o número de seres humanos continue a subir, e isso quer dizer que qualquer fosse o estilo de vida vigente, o problema da sustentabilidade devido ao número de habitantes do planeta seria sempre uma questão de tempo até se colocar em cima da mesa.  Imagine-se 8 mil milhões de índios amazónicos - com o seu estilo de vida - a pescar, caçar, abater árvores e fazer fogueiras todos os dias. Não seria esse caso igualmente um perigo real e de dimensões assustadoras para a vida no planeta?

Se para cada um de nós esta é a primeira (e única) vez que vivemos neste planeta, a verdade é que para o planeta esta é a primeira e única vez que aloja tantos humanos, humanos sedentos de produzir e consumir, seja peixe, milho, carvão ou petróleo. O impacto seria sempre inevitável, e as consequências incertas, porque é intrínseco a qualquer novidade: ninguém está robustamente preparado para lidar com o que é novo.

Certo é que a solução, a existir, nascerá do seio desses 8 mil milhões de seres humanos. Sermos muitos também cria confiança de que seremos capazes de encontrar mais e melhores soluções para problemas planetários extremamente complexos.

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